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domingo, 16 de setembro de 2007

Biscoitos

Olhando aquela bolachinha fantástica, ela sente-se orgulhosa.
Mais uma de suas criações.
Pensando em coisas que a fazem feliz, criar é a melhor delas.
Ela se sente satisfeita quando pari alguma coisa. Pensa ser à força do instinto feminino.
Criar ou parir para ela é expelir da alma ou do útero a essência de uma particularidade. Sempre se tem o que criar, porque uma pessoa é feita de um conjunto de particularidades, e sem criar a vida acaba, fica insossa, seca!
Algumas pessoas são uma vitrine de si mesmas, outras se vêem nas coisas que criam. Tatiele é uma delas. Os biscoitos são sua parte gostosa, aconchegante.
Quando ela está fazendo a massa, costuma pensar na historia das bolas de chicletes, mais uma coisa que perpetua sua existência.
Dentre todas as coisas de sua vida, estas tão simples são as mais construtivas, são as que fazem parte de sua evolução.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Carta de adeus.

Certos de seu retorno aguardamos até o anoitecer.
Durante as horas, conversamos sobre diversos assuntos e descobrimos muito de nós mesmos. Coisas tão incríveis que você nem imagina, descobrimos também que temos muitas coisas em comum.
Falamos sobre gostos, reações e esquisitices particulares. Rimos muito!
Bebemos vinho, comemos pão e no final da tarde, contemplamos o pôr do sol como dois apaixonados.
De repente o tempo “fechou”, somente por fora, porque meu coração estava aberto para recebe-lo, e envoltos nas nuvens, bem como a natureza a nossa volta, esperamos pacientes a chuva cair. Ela veio forte, e nós nos aproveitamos do pretexto de estarmos molhados e com frio para ficarmos mais próximos.
Ele me abraçou me levantado como se me pegasse no colo, me senti livre em seus braços e ao mesmo tempo protegida.
Senti naquele momento o que a muito tempo não sentia.
Tudo parecia mais vivo, tudo parecia estar em paz.
Já cansados, descemos a trilha que dá na fonte, em frente a praça do correio. Esperava encontrar com você lá em baixo, queria mostrar meu rosto alegre e satisfeito que sem palavras expressariam minha prova: Eu ainda estou viva!
Gostaria que você soubesse.
A pesar de sua descrença em mim, você me presenteou. Ainda que eu não o veja mais, o que senti me fez despertar.
Aquela menina ainda mora aqui, as minhas pernas ainda gostam daquelas brincadeiras e os meus olhos ainda guardam aquele brilho.
Seguimos para o quarto e você não veio mais. Aproveitei o que pude daquele momento, sem saber de você. Senti a necessidade de absorver todo o prazer possível, foi minha intuição, pois nas próximas horas tive a notícia de que definitivamente você partiu.
Digo adeus!
Rezo para que não tenha sentido dor, rezo para que tenha partido em paz, como eu me sinto agora apesar de você. Rezo para que seu coração te leve para aquele lugar que sonhamos ainda quando somos crianças e não temos dúvidas de que a morte é uma passagem para um céu cheio de anjos, música, nuvens fofas e um pai que nos recebe carinhosamente.