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terça-feira, 29 de maio de 2007


Tatiele passava a mão em seus lábios lisos e finos, indo e vindo, num ritmo lento.
Parecia que esperava por alguma coisa. Seus dedos estavam vermelhos de batom.
Vejo que ela se sente melhor, vejo um brilho em seus olhos que a tempos estava escondido.
Ela estava ansiosa, a festa acontecia, a bebida subia, a comida sumia e os acontecimentos não justificavam suas expectativas.
De onde eu estava, percebia que ela se colocava na soleira do closet, hora dentro, hora fora, mas não entendo por que. Não havia ninguém interessante por lá.
Sinto tê-la deixado por tanto tempo sozinha, mas gosto de ver a brincadeira de se achar e se perder, esta é uma constante em Tatiele.

No final da festa, já de batom e olhos borrados, notei as sobrancelhas arqueadas, como quem espera um sinal.
Notei também que não somos mais os mesmos. As festas terminam cedo, todas as pessoas estão comprometidas com seus filhos, cônjuges, noivos, animais de estimação, menos Tatiele, que deixou todos os seus compromissos de lado para esperar o que ainda não tem.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

É só o que posso fazer agora.


Do outro lado do espelho estava ela.
Amiúde, puxando as pelinhas dos dedos, aquelas que beiram as cutículas. Quase sangrando ela se torturava mais uma vez.
Aquela blusa de lã cheia de bolinhas, a meia furada no dedão, com as pernas cruzadas feito um praticante de yoga maltrapilho. Tudo indica que o dia chegou ao fim.
Passaram-se 3 horas que a outra lá em frente tentava sem sucesso melhorar a pele do rosto.
Ela não sabe mais o que fazer. Seu rosto assemelhava-se a uma plataforma de metrô as 6 da tarde. Tudo indica que todos passarão, se irritarão e irão embora ansiosos para casa, e voltarão mesmo sem querer amanhã pela manhã.
Mais um creme. Já tentou erva-doce, iogurt, nata e avelã. Fez salada de frutas no final de semana, e a carga continua nos vincos de suas bochechas.
Ela não salvou seu dia! Mais uma vez!
Cansada vai se deitar.
O bom de viver, é saber que amanhã terá nova chance, novas peles nos dedos, novas horas, novos cremes, nova oportunidade de salvar o dia.
E finalmente, novamente não faze-lo!


Até que o mal se canse e vá embora, até que o mal me canse e eu jogo fora!
Ps.: Texto dedicado a Tatiele...

sábado, 19 de maio de 2007

Em pedaços.

Machucaram Tatiele.
Encontrei-a na quarta-feira e em nossa conversa pensei que tratava-se de esquartejamento, porque tive que monta-la como um quebra-cabeças.
Nossa! Como Tatiele se deixa, se larga na sargeta de forma que qualquer um dance um tango em seus quadris...
Já disse a ela muitas vezes que conservasse na memória também suas conquistas, seus olhos no espelho, seus amigos verdadeiros por toda vida, mas não... ela sempre se lembra dos kilos a mais, de algumas de suas multiplas solidões e dos buracos negros.
Ela precisa de ajuda!
Ainda para sair do closet, é necessário valorizar até um bumbum que até hoje foi esquecido pela celulite, este é um exercício para todas as manhãs.
Tatiele não está levando a sério o fato de que se não deixar o closet, não vai adiantar nada comprar creme de iogurt, hidratante para os pés, lápis de olho e passar esmalte vermelho nas unhas, ela continuará enquartejando-se e deixando se esquartejar.


domingo, 13 de maio de 2007

Então frustrou-se...

Ela estava sentindo-se frustrada naquele dia, tenho certeza!
Ela foi e voltou algumas vezes... chorou quando tomava banho, eu ouvi os susurros. Ela saiu com olhos inchados e um resto de shapoo nos cabelos.
Imagino que não conseguiu sair do closet aquela noite, apesar de desejar muito.
Vi em seus olhos a vontade de voltar atrás e não poder mais, vi nitidamente a vontade de ser diferente naquele momento, vi que era algo que desejava muito.
Sei que o amor de Tatiele por algumas pessoas é puro e verdadeiro, sei também que ela não teme declara-lo e temo as palavras erradas nas horas erradas.
Não imagino a frustração por não fazer algo. Deve ter acontecido o contrário!
Sei que Tatiele acredita em algumas coisas que não a deixam se relacionar e neste momento as palavras tornam-se vazias.
Imigino um monólogo!
Imigino sua boca se mechendo sem sair som!
Imagino uma dificuldade grotesca de se comunicar!!!
Falo da comunicação da vontade que acompanha a coração, aquela que Tatiele tem, mas não deixa sair porque tem medo de magoar-se.
Então, vejo frustração...

O circo e Tatiele


Tatiele foi ao circo sábado.

Em seus comentários, percebi o quanto ela fantasia sua vida complicada.

Ela acredita ter sido mambembe em outra vida, vida esta em que conheceu seu antigo namorado cigano e acredita ter "um carma" a regatar com ele.

Com certeza judiou do nomade, porque ele a sacaneou algumas vezes, e se aparecer de novo, pensarei com certeza que trata-se de um psicopata torturador com sede de vigança na memória do espirito!

Tatiele pasmou diante do mistério daquela gente.

Gente colorida, leve e aparentemente despreocuda.

Admirou os olhos pintados e maliciosos de algumas mulheres, a alegria dos palhaços, os corpos dos acrobatas e a magia do espetáculo.

Sentiu vontade de ser um deles, repensou algumas escolhas de sua vida e escolheu ficar somente com a magia do espetáculo.


Tatiele e sua incrível capacidade de devanear...