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sábado, 10 de novembro de 2007

Crocodilo

Marina foi a loja de calçados comprar os sapatos que tanto desejou. Era uma mulher vaidosa, aparentemente forte e independente. Tinha em sua vida profissional o princípio de tudo, e se presenteava com pequenos mimos quando desejava se sentir melhor.
O mimo da vez era um par de sapatos de couro de crocodilo.
Ainda na loja, Marina colocou os sapatos para ver se realmente concluía a compra.
O verde amarronzado brilhante e cheio de estilo do par de sapatos, a fez pensar em questões filosóficas descabidas naquele momento.
“Réptil de grande porte que vive nas águas doces e se transformou em um par de sapatos?”.
Lembrou-se que naquela tarde, negociava um grande e lucrativo contrato, fruto da vitória sobre um concorrente irritante, que a fez trabalhar dia e noite pensando em soluções criativas para ganhar a disputa.
Com a lembrança destes dias passados, se olhou no espelho da loja.
Marina se fez crocodilo, crocodilo se fez Marina.
Viu-se com olhos famintos, sedentos. Seu corpo comprido, pesado, suas unhas longas e firmes.
Marina venceu, matou sua fome.
Saiu da loja com a sacola de grife, sem a mesma satisfação que sentia a minutos atrás.
Marina seria reduzida agora a um par de sapatos?
Pensou no depois, do depois e o depois?
Sentia-se vazia, nas margens do lago lamacento, agora a vitima.
Marina não tinha depois, Marina era uma predadora e nada mais!

Texto publicado nos Anjos de Prata.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Naturalmente


Sentada nos degraus, na beira da velha porta azul, olhando meus pés descalços que descansam no chão quente de concreto, me sinto segura e tranqüila.
O calor da tarde me acalma, me dá preguiça.
Quando me levanto, sinto o tecido se gastando no chão áspero. Sinto pena do velho vestido.
Caminho para o pé de amoras, que fica próximo aos muros que cercam o quintal da casa. Os galhos finos de folhas delicadas se oferecem com diversas possibilidades. Procuro as frutas grandes e suculentas, mas as vezes estão verdes e azedas. Quando me rendo as menores sempre fico satisfeita.
Na simplicidade deste meu universo, sou o tronco e as folhas delicadas.
Sou o chão áspero e o calor do sol. Sou também a porta e os muros.
As vezes sou a calma e a preguiça, a dor do desgaste.
Sou verde e azeda, hora madura e suculenta.
Sou metamorfose.
O universo cria e recria e eu infalivelmente evoluo.
A velha porto azul nunca se fechará e as folhas ainda que caiam neste chão sustentarão suas próximas gerações.

Eterna idade – Eternidade...
Ontem procurei pelas chaves.
Busquei horas a fio, não as encontrei.

Falta-me ar nos pulmões de pensar na nossa conversa.
Até aquele momento, estava tudo bem no meu mundo protegido por minhas próprias determinações. E de repente, vem você gentilmente me atormentar.
Não quero falar disso agora. Não começa!
Vai começar a doer novamente, e eu, só eu ficarei nesse quintal frio neste tempo chuvoso procurando pela luz daquela estrela.
Poxa, falei pra parar!
Não seja gentil, não fale assim!!
Esqueci as chaves no seu carro. Devolva-me agora!

Entrei no apartamento nervosa.
A pressão na cabeça pesa de mais!
Joguei a bolsa no sofá e fui tomar um banho frio.

Pronto, passou!
Agora vou dormir!
Tiro a roupa na frente do espelho e volto a lembrar da nossa conversa.
Reparo nas curvas vivas do meu corpo.
Percebo que meus seios ainda estão firmes. Gosto deles.
Meu corpo está ávido por contato.
Volta a angustia outra vez!

Agora estou sozinha.
Sinto medo!
Sinto pânico!
Minhas determinações foram todas por água abaixo!

Saio novamente para o quintal.
Ventania, frio e garoa.
Escuridão...
Onde está a luz daquela estrela?

domingo, 28 de outubro de 2007

Alguns amigos chegaram.
Alguns amigos ficaram para trás.
O conheço bem, me divirto quando relaxamos e admiro nossa sinceridade.
Quando tememos um desvio, insistimos em ser hipócritas, mas isto nunca é levado a frente e logo desabafamos.
Surpresos, seus olhos me perguntam sempre mais, e quando falo, seu orgulho se agita e eu fico tranqüila porque assim sei que soube me expressar.
Não tem problema. Somos acostumados com as risadas, choros, abraços, despedidas, alianças e velas.
Sacrificamos nossos dias por conta dos que chegaram depois. Isto já não me incomoda, porque tenho segurança que nossa história nos criou, amadureceu e escreveu linhas e mais linhas sobre quem somos no livro da eternidade.
Sabemos que isto é indivisível, não perecível e evolutivo. São coisas que não se perderão jamais no tempo.
Então digo que te amo e que me leve sempre onde for e te prometo que também te levarei, pois como já dizia um homem sábio, “distância é um lugar que não existe”.

Negociando com meus demônios


Eles me deram uma trégua. Eu preciso tentar.
Por hora estou livre. Receio seu retorno a cada nova idéia, a cada iniciativa, mas vejo lá que as portas estão abertas para minha saída.
Aqueles mensageiros estão cumprindo com suas palavras.
Agora falo bobagens, até comento pieguices.
Admiro suas mulheres, mas ainda continuo odiando aqueles homens. Nossa negociação não chegou a ponto de seus anjos deixarem que me convençam do benefício do perdão.
Jamais darei abrigo aos maliciosos mensageiros.
Suas sombras já me bastam e meu coração está cansado.


quarta-feira, 3 de outubro de 2007


Há tempos que o sono é meu melhor amigo.
Espero a hora de encostar meu corpo no lençol macio, que me abraça.
O cheiro de cabelo lavado no travesseiro me faz sonhar com as flores de um campo extenso, alegre e vivo, dividindo a paisagem no horizonte.
Nada mais me causa reação nestes dias se não a proximidade da minha cama.
Ela nunca me decepciona, sempre me recebe bem.
Com TPM, bêbada, feliz, tristonha, chorosa, horrorosa, linda e maquiada ou até borrada.
Cansei-me de tudo!
Cansei-me da rotina, da obrigação de pensar no futuro, do trabalho, do cabelo, das roupas, das festas, sobretudo das pessoas.
Estas me desanimam, me distanciam ainda mais da evolução.
Deixe-me! Quero dormir em paz!

domingo, 16 de setembro de 2007

Biscoitos

Olhando aquela bolachinha fantástica, ela sente-se orgulhosa.
Mais uma de suas criações.
Pensando em coisas que a fazem feliz, criar é a melhor delas.
Ela se sente satisfeita quando pari alguma coisa. Pensa ser à força do instinto feminino.
Criar ou parir para ela é expelir da alma ou do útero a essência de uma particularidade. Sempre se tem o que criar, porque uma pessoa é feita de um conjunto de particularidades, e sem criar a vida acaba, fica insossa, seca!
Algumas pessoas são uma vitrine de si mesmas, outras se vêem nas coisas que criam. Tatiele é uma delas. Os biscoitos são sua parte gostosa, aconchegante.
Quando ela está fazendo a massa, costuma pensar na historia das bolas de chicletes, mais uma coisa que perpetua sua existência.
Dentre todas as coisas de sua vida, estas tão simples são as mais construtivas, são as que fazem parte de sua evolução.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Carta de adeus.

Certos de seu retorno aguardamos até o anoitecer.
Durante as horas, conversamos sobre diversos assuntos e descobrimos muito de nós mesmos. Coisas tão incríveis que você nem imagina, descobrimos também que temos muitas coisas em comum.
Falamos sobre gostos, reações e esquisitices particulares. Rimos muito!
Bebemos vinho, comemos pão e no final da tarde, contemplamos o pôr do sol como dois apaixonados.
De repente o tempo “fechou”, somente por fora, porque meu coração estava aberto para recebe-lo, e envoltos nas nuvens, bem como a natureza a nossa volta, esperamos pacientes a chuva cair. Ela veio forte, e nós nos aproveitamos do pretexto de estarmos molhados e com frio para ficarmos mais próximos.
Ele me abraçou me levantado como se me pegasse no colo, me senti livre em seus braços e ao mesmo tempo protegida.
Senti naquele momento o que a muito tempo não sentia.
Tudo parecia mais vivo, tudo parecia estar em paz.
Já cansados, descemos a trilha que dá na fonte, em frente a praça do correio. Esperava encontrar com você lá em baixo, queria mostrar meu rosto alegre e satisfeito que sem palavras expressariam minha prova: Eu ainda estou viva!
Gostaria que você soubesse.
A pesar de sua descrença em mim, você me presenteou. Ainda que eu não o veja mais, o que senti me fez despertar.
Aquela menina ainda mora aqui, as minhas pernas ainda gostam daquelas brincadeiras e os meus olhos ainda guardam aquele brilho.
Seguimos para o quarto e você não veio mais. Aproveitei o que pude daquele momento, sem saber de você. Senti a necessidade de absorver todo o prazer possível, foi minha intuição, pois nas próximas horas tive a notícia de que definitivamente você partiu.
Digo adeus!
Rezo para que não tenha sentido dor, rezo para que tenha partido em paz, como eu me sinto agora apesar de você. Rezo para que seu coração te leve para aquele lugar que sonhamos ainda quando somos crianças e não temos dúvidas de que a morte é uma passagem para um céu cheio de anjos, música, nuvens fofas e um pai que nos recebe carinhosamente.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Mãos e Luvas

Balançam despercebidas as mãos que procurei por esses dias.
São grandes aquelas que seguraram as minhas na saída no final da noite.
Gosto quando elas tocam meu peito, gosto quando as minhas se perdem entre seus dedos compridos.
Gosto quando gentis elas tocam os meus quadris, e quando caminhamos me abraçam e aliviam meus anseios.
Espero por elas enquanto seguram o copo ou gesticulam suas falas, de longe procuro decifra-las.
Não são tão explicitas quanto às músicas que canta, ou como quando segura outras mãos.
Balançam despercebidas elas duas.
Enquanto uma acena a outra afaga.
Só tateiam meus caminhos quando convêm.
Entrego-me a elas no seu “vai e vem” buscando mais do que elas me oferecem.
E quando elas vão embora
, fico triste, mas sei que reagem conforme minhas particularidades, que pouco sabem sobre dar e receber.
No final da estória se retraem, e na despedida são maiores, enfáticas e desinibidas.
E da esquerda para direita, já vestidas com as luvas da verdade dizem adeus e deixam saudades.

domingo, 19 de agosto de 2007

Perpetuando a cultura da bola de chicletes

Uma de suas particularidades é o gosto por fazer bolas de chicletes.
O motivo do despropósito é que este costume tem propriedades calmantes.
Diante de uma bola de chicletes bem feita, a vida parece mais simples e feliz para ela.
Ela prefere as bolas cor de rosas de sabor tutti-frutti.
O cheiro também tem propriedades terapêuticas, e a faz lembrar da infância que a
remetem a alegria e descomprometimento.
Aos 30 anos, coleciona uma lista de afazeres que contrariam sua vontade sincera, são os “tenho que”, “preciso de”, “vence em”, “marquei com”, e assim por diante.

Entre os “tenho quês” deste final de semana foi surpreendida pela idéia de se eternizar. Ela acredita que a eternidade consiste nas lembranças das particularidades especiais de uma pessoa, que de tão boas ou más, seguem entre as gerações. Estas particularidades podem resgatar prazeres, medos, costumes, tristezas ou alegrias.
Neste caso, ela acredita que se eternizará pelo gosto por bolas de chicletes.
Agora ela se sente feliz sabendo que está perpetuando uma cultura tão pessoal, porque mais uam criança aprendeu a fazer as bolas de chicletes que tanto gosta.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Sete

Ela estava no vagão metrô rumo ao Leste quando ouviu a voz do condutor anunciando a estação. Num salto levantou do banco e desceu.
Talvez naquela tarde seria salva da inércia.
Subiu as escadas rolantes com os olhos atentos e curiosos a procura da figura que descreveram com tanto entusiasmo.
O jovem alto, solitário e ateu, cuja numerologia ela sabia de cor.
Parou próximo as catracas, em frente a S.S.O sentindo-se ridícula, mas logo tratou de espantar o mal-estar, afinal tratava-se de mais uma possibilidade.
Observou as pessoas por algum tempo. Viu alguns grisalhos barrigudos nada parecidos com a descrição da torcida.
O tempo passou e ela se cansou. Olhando o relógio como quem não quer mais esperar, foi embora desapontada.
Pensou em diversas possibilidades, talvez algo mais objetivo. Gostaria que tudo desse certo desta vez, então pensou em emprestar seu corpo a uma alma mais aberta a este tipo de experiência enquanto não se sentia preparada.
Chegando em casa, largou a bolsa no sofá e ligou a TV. Passava um programa deste tipo “Tarde coçando e aprendendo a disfarçar”. Foi ai que ouviu o que seria sua próxima tentativa, com atenção, papel e caneta nas mãos:

Numa noite de lua cheia, lave o corpo do tronco para baixo com água tingida de anilina azul índigo e seque-se com uma toalha virgem. Vista-se com uma roupa sensual e passe um perfume floral com 7 marias-sem-vergonhas maceradas.

Vá a uma encruzilhada, reze 7 vezes o “Credo” as 7 da noite. Siga para um boteco e peça 7 Marias-moles, todas com uma lasca de canela em pau.

Fume um cigarro na esquina da lanchonete e espere 7 minutos.
É infalível!!!

domingo, 12 de agosto de 2007

Sem mais para tanto e por tanto...

... ha anos ela não consegue decidir se segue rumo ao norte ou sul.
Tem ojeriza de qualquer tipo de envolvimento e toma calmantes para dormir.
A ela foi confiada uma vida, mas tem dúvidas também entre dar o mel ou os antibióticos.
Vende sua crise por piedade, cria dó por igualdade.
Encaixota livros que não leu e cataloga sonhos que não viveu.
Satiriza seu dia a dia e caminha no final da tarde para esquecer de lembrar:
Que não mais será maior do que pode ser, nem a dor e nem o próprio ato
de ser.
A dura condição humana consiste em aceitar e conviver
com a escolha, com a auto-piedade, os medos e com os sonhos reais e ilusórios.
E quem não ri de si para viver?
Se eu te olhar no buraco da fechadura, vou te gostar, vou querer rolar e rir com você.
Vou te escrever, vou te contar
que nesta noite sonhei com cenouras podres no ralo do chuveiro;
e que você dormia no chão do banheiro
e eu tentava te acordar.
Seria o teu ou o meu olhar?

As flores que bordei

A noite passada ela se deixou cair no vão entre a rua asfaltada e a calçada. Na velha sarjeta.
Mais uma vez a dor implacável pegou seu peito e massacrou sem dó. A mesma dor que faz visitas rotineiras.
Na manhã seguinte, o resto da dor estampava-se em seus olhos tornando-os ainda maiores e seguiam espantando as pessoas que cruzavam seu caminho nos corredores do prédio onde trabalha.
As perguntas foram muitas e as respostas vagas.
O dia passou como uma folha de papel em branco que voa com o vento no final do bimestre pela rua suja da cidade.
A noite chega e ela sente um lampejo de sua alma quando para na porta da cozinha.
Seguiu para o quarto a procura de pedaços de tecidos velhos coloridos
, tesoura e da linha de bordar que estava escondida no maleiro do guarda-roupas.
Com lágrimas nos olhos e sem querer saber de mais nada, nem da Paula e do Daniel da novela das oito, bordou as flores mais lindas nas pernas de sua calça de sarja queimada pelo ferro de passar roupas.
No dia seguinte, como quem encontrou a paz, seguiu para o trabalho com seus cabelos armados, desfilando as flores que brincavam em suas pernas, mãos e com sorriso de volta.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Olha a falta que sentir sua falta me faz...!!


As vezes se eu comparo a falta de dinheiro com a falta de carinho, sexo e amor, e a falta de dinheiro se torna insignificante. E as vezes se eu comparo a falta de carinho, sexo e amor com a falta de dinheiro, aí a falta de carinho, sexo e amor é que se tornam insignificantes.


As vezes...

Por uma vida menos ordinária

Ela se preparou naquela manhã para a aula de dança do ventre, aquela que a fez pensar e repensar nas razões, nos porquês e se assegurar de que não se tratava de modismo insensato.
Segura ela se inscreveu.
Ela espera que com isso “aquela vontade de viver” que sentia na infância volte a queimar seu peito a muito congelado.
Arrumou uma calça solta, um top curto (ai um top curto!!!), para movimentar-se bem.

Seu coração estava ansioso e seu corpo também.
O caminho foi tranqüilo. Sentiu-se bem ao chegar na escola e enquanto esperava o início da aula imagina movimentando-se graciosamente.
Durante o alongamento esbarrou-se nas ferrugens de suas juntas, mas manteve-se otimista.
Quando os exercícios começaram, sentiu-se como se estivesse guiando um carro desgovernado pela primeira vez. Racionalizou demais os movimentos se corrigindo a cada passo.
Olhando-se no espelho, via sua imagem bastante roliça e despreparada para o desafio e concluiu que nunca conseguiria ter a doçura sensual das dançarinas do ventre.
Apesar da conclusão, terminou a aula animada.
Na próxima semana tentou começar com o otimismo inicial.
Chegando na escola, se deparou com outras alunas do “nível intermediário”, que julgou mais belas, magras e delicadas – foi o fim!
Sentiu-se ridícula! Passou a aula atropessando nos próprios pés, a dureza de seu corpo sobrepunha qualquer tentativa de libertar-se.
Na saída pediu para mudar de horário. A professora compreendeu sem dificuldades, e assim ficou combinado.
Na semana passada, já sem expectativas, se deu uma nova chance.
E durante a aula chegou a uma conclusão que julgou extraordinária:
“Preciso de paciência, bons olhos para me ver e muita fé na vida, porque água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”.

Tudo por uma vida menos ordinária!

domingo, 24 de junho de 2007

Uma prateleira vazia.


Tatiele ontem encontrou uma prateleira vazia no closet.
Tentou colocar alguns objetos, roupas acessórios, mas nada se encaixava. Por mais que tentasse acomodar suas coisinhas, não conseguia encontrar harmonia.
A maldita prateleira exigia coisas novas, mas Tatiele não tinha.
Parou com a briga, andou pelo quarto, ligou para uns amigos, leu alguns livros de auto-ajuda, assistiu a filmes, jornais e documentários, mas nada era suficiente, o vazio continuava a incomodar!
Tatiele evitou falar sobre o assunto com as pessoas que confia, pois sabia que nada, absolutamente nada faria com que se sentisse melhor.
Tatiele passou o sábado com aquela dor na boca do estômago!
A noite chegou, ela olhou novamente a prateleira, a dor aumentou!
Tomou analgésicos, duas taças de vinho, sentiu-se cansada e foi deitar.
Encontrou-se com os braços calmantes e carinhosos do sono. Ele a levou para terras distantes, terras desconhecidas de seu inconsciente cheio de devaneios.
Só assim encontrou a paz!
Acordou no domingo acreditando que tudo ficaria bem, mas infelizmente, a dor continua.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sua arrogância me distrai...

Tatiele anda expressando alguns sentimentos fora do closet. Acredito que seja um começo.
Sei que ela encontrou um guru famoso lá pela "Pedra do Baú" (vizinha do closet), e teve algumas de suas maiores questões desenroladas.
Salve o caixote!
Segue algumas anotações recentes:
Passei a tarde pensando em manobras ofensivas, mas não encontrei meu interlocutor maldoso e pilantra.
Nesta brincadeira consegui analisar meus pontos fracos e praticar o exercício da compaixão.
Mas não perdi a enorme vontade de praticar algumas maldades, por isso, queimei algumas pragas do closet.
Elas foram embora desta vez.

“E você, quando vai?”

terça-feira, 12 de junho de 2007

No dia dos namorados.

Nossa conversa hoje ao telefone:
- Olá Tatiele, como está hoje no dia dos namorados?
- Considerando que este é 30° ano que passo sozinha, posso dizer que estou feliz por estar viva.
- Como foi o feriado?
- Pensei em suicídio algumas vezes na eminência de um anestésico de ação bem prolongada, pensando nesta linda data comemorativa. Quase conclui o ato, mas não consegui contato com você, então desisti!
- Por que você queria falar comigo? O que eu poderia fazer?
- Convencer-me de que tudo ficará bem!
- Hum...
- Bom Lucca preciso desligar. Tenho um jogo de palitos marcado agora às 22 horas e depois tenho que estar deposta. Dormirei no closet com um charuto cubano que habita meu criado mudo. Este sim está sempre do meu lado!
- Bom consolo Tatiele!
- OK, Tchau!
- Tchau...

A nata do leite

Mais um pequeno texto de Tatiele.
Extraído de seu diário secreto.

Deixei o copo de leite morno na prateleira do closet.
Saí ladeando o gato que queria pular da janela do quarto, lamentando o cio agora solitário.
Só nestas horas me lembro que tenho que leva-la ao veterinário para castrar.

Pobre coitada, quando chegar prenha, seguirá meses com sua barriga pesada tendo a maternidade irrevogável.
Pensando bem, irrevogável é o tempo, e eu sou perecível!
Há tempos deixaram de vigorar em mim alguns impulsos...

Fumei um cigarro, voltei ao closet, peguei o copo esquecido já com nata sob o leite.

Eu e leite somos muito parecidos.

domingo, 3 de junho de 2007

A dinâmica do meu sol, os deslizes da minha lua.

Tatiele me confiou um segredo. Entregou seu diário para que eu guardasse durante o tempo em que faz o intensivo “Como sair do closet em 10 dias”:
Tatiele me desculpe, mas não costumo guardar segredos!

O meu sol sobressalente toma sempre a frente como se fosse eu, mas não é!
Minha lua segue tentando dominar, mas é mimada, envergonhada essa lua, que nunca quer se mostrar.
Levou cantadas, assovios, mas se esconde.
Da última vez tentou se jogar de um rio do lado da janela do quarto de hotel, de tanta vergonha! Quer se apagar a danada!
Assim meu sol domina.
Sei que nessa fico sem o molejo da lua. O brilho delicado que sempre faz sombra nele fica lá escondidinho. Faz falta vê-la dançando suavemente.
Não vejo verdade nestes olhos quando o sol sai na frente.
Ele costuma furar a fila quando tenho medo, ele só quer me defender e se aproveita da minha fragilidade pra mostrar sua força.
Ambos tem medo de perder, ambos querem seu lugar no céu.
Ambos querem seu lugar em mim.

terça-feira, 29 de maio de 2007


Tatiele passava a mão em seus lábios lisos e finos, indo e vindo, num ritmo lento.
Parecia que esperava por alguma coisa. Seus dedos estavam vermelhos de batom.
Vejo que ela se sente melhor, vejo um brilho em seus olhos que a tempos estava escondido.
Ela estava ansiosa, a festa acontecia, a bebida subia, a comida sumia e os acontecimentos não justificavam suas expectativas.
De onde eu estava, percebia que ela se colocava na soleira do closet, hora dentro, hora fora, mas não entendo por que. Não havia ninguém interessante por lá.
Sinto tê-la deixado por tanto tempo sozinha, mas gosto de ver a brincadeira de se achar e se perder, esta é uma constante em Tatiele.

No final da festa, já de batom e olhos borrados, notei as sobrancelhas arqueadas, como quem espera um sinal.
Notei também que não somos mais os mesmos. As festas terminam cedo, todas as pessoas estão comprometidas com seus filhos, cônjuges, noivos, animais de estimação, menos Tatiele, que deixou todos os seus compromissos de lado para esperar o que ainda não tem.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

É só o que posso fazer agora.


Do outro lado do espelho estava ela.
Amiúde, puxando as pelinhas dos dedos, aquelas que beiram as cutículas. Quase sangrando ela se torturava mais uma vez.
Aquela blusa de lã cheia de bolinhas, a meia furada no dedão, com as pernas cruzadas feito um praticante de yoga maltrapilho. Tudo indica que o dia chegou ao fim.
Passaram-se 3 horas que a outra lá em frente tentava sem sucesso melhorar a pele do rosto.
Ela não sabe mais o que fazer. Seu rosto assemelhava-se a uma plataforma de metrô as 6 da tarde. Tudo indica que todos passarão, se irritarão e irão embora ansiosos para casa, e voltarão mesmo sem querer amanhã pela manhã.
Mais um creme. Já tentou erva-doce, iogurt, nata e avelã. Fez salada de frutas no final de semana, e a carga continua nos vincos de suas bochechas.
Ela não salvou seu dia! Mais uma vez!
Cansada vai se deitar.
O bom de viver, é saber que amanhã terá nova chance, novas peles nos dedos, novas horas, novos cremes, nova oportunidade de salvar o dia.
E finalmente, novamente não faze-lo!


Até que o mal se canse e vá embora, até que o mal me canse e eu jogo fora!
Ps.: Texto dedicado a Tatiele...

sábado, 19 de maio de 2007

Em pedaços.

Machucaram Tatiele.
Encontrei-a na quarta-feira e em nossa conversa pensei que tratava-se de esquartejamento, porque tive que monta-la como um quebra-cabeças.
Nossa! Como Tatiele se deixa, se larga na sargeta de forma que qualquer um dance um tango em seus quadris...
Já disse a ela muitas vezes que conservasse na memória também suas conquistas, seus olhos no espelho, seus amigos verdadeiros por toda vida, mas não... ela sempre se lembra dos kilos a mais, de algumas de suas multiplas solidões e dos buracos negros.
Ela precisa de ajuda!
Ainda para sair do closet, é necessário valorizar até um bumbum que até hoje foi esquecido pela celulite, este é um exercício para todas as manhãs.
Tatiele não está levando a sério o fato de que se não deixar o closet, não vai adiantar nada comprar creme de iogurt, hidratante para os pés, lápis de olho e passar esmalte vermelho nas unhas, ela continuará enquartejando-se e deixando se esquartejar.


domingo, 13 de maio de 2007

Então frustrou-se...

Ela estava sentindo-se frustrada naquele dia, tenho certeza!
Ela foi e voltou algumas vezes... chorou quando tomava banho, eu ouvi os susurros. Ela saiu com olhos inchados e um resto de shapoo nos cabelos.
Imagino que não conseguiu sair do closet aquela noite, apesar de desejar muito.
Vi em seus olhos a vontade de voltar atrás e não poder mais, vi nitidamente a vontade de ser diferente naquele momento, vi que era algo que desejava muito.
Sei que o amor de Tatiele por algumas pessoas é puro e verdadeiro, sei também que ela não teme declara-lo e temo as palavras erradas nas horas erradas.
Não imagino a frustração por não fazer algo. Deve ter acontecido o contrário!
Sei que Tatiele acredita em algumas coisas que não a deixam se relacionar e neste momento as palavras tornam-se vazias.
Imigino um monólogo!
Imigino sua boca se mechendo sem sair som!
Imagino uma dificuldade grotesca de se comunicar!!!
Falo da comunicação da vontade que acompanha a coração, aquela que Tatiele tem, mas não deixa sair porque tem medo de magoar-se.
Então, vejo frustração...

O circo e Tatiele


Tatiele foi ao circo sábado.

Em seus comentários, percebi o quanto ela fantasia sua vida complicada.

Ela acredita ter sido mambembe em outra vida, vida esta em que conheceu seu antigo namorado cigano e acredita ter "um carma" a regatar com ele.

Com certeza judiou do nomade, porque ele a sacaneou algumas vezes, e se aparecer de novo, pensarei com certeza que trata-se de um psicopata torturador com sede de vigança na memória do espirito!

Tatiele pasmou diante do mistério daquela gente.

Gente colorida, leve e aparentemente despreocuda.

Admirou os olhos pintados e maliciosos de algumas mulheres, a alegria dos palhaços, os corpos dos acrobatas e a magia do espetáculo.

Sentiu vontade de ser um deles, repensou algumas escolhas de sua vida e escolheu ficar somente com a magia do espetáculo.


Tatiele e sua incrível capacidade de devanear...

sábado, 28 de abril de 2007

São os fantasmas!

Faz dias que não vejo Tatiele, por isso deixei de escrever.
A procurei em sua casa algumas vezes. Bati na porta, toquei a campainha, mas ninguém atendeu, devia estar no closet.
Ontem consegui contato por telefone. Ela me disse que está trabalhando muito, e quando chega em casa vai direto para o closet. Os dias agitados a deixam insegura e fazem com que ela sinta saudades do abrigo.
Sei que quando está introspectiva também está dialogando com seus fantasmas.
Tatiele conhece muitos deles. Alguns são amigos, outros nem tanto, mas Tatiele cultiva esta amizade porque por enquanto se sente bem.
Eu honestamente tenho ciúme deles, acho que não são boas influências e a consomem demais, mas eles me assustam. Estes são parte do convívio dela, alguns são agressivos e outros são traiçoeiros. Já alertei Tatiele, mas ela não me dá ouvidos!
Percebi que os fantasmas a afastam de mim, e isto me mata!!!
Tatiele segue os dias isolada, estes fantasmas fazem de tudo para terem atenção exclusiva dela, e quando a fase termina, fico feliz de reencontra-la

Tatiele, quando eles a deixarem, passe lá em casa!

terça-feira, 17 de abril de 2007

Seu amor é meu.

Reproduzirei um trecho do diário de Tatiele que copiei enquanto ela procurava o biricutico no closet:
(...) subi as escadas rolantes com as pernas apressadas, tinha pressa de me mostrar, tinha pressa de vê-lo, porque ali estava minha esperança. Mais uma entre milhões que se passaram.
Eu ia vê-lo novamente, não ia encontra-lo, porque este encontro era só meu.
Passei o dia ocupada observando de longe. Percebi algo diferente em seu olhar, ele estava bem!
No final do dia saímos para conversar, nós e mais 2 pessoas das quais penso que tenho pouca afinidade. Logo tomamos outro rumo, neste momento eu já sabia que ele se sentia seguro novamente, pela clareza em seus olhos e palavras: “AGORA ESTÁ TUDO BEM, TUDO VOLTOU AO NORMAL”.
Parece-me que faz questão de deixar-me triste.
Sinto amor por ele, mas um amor que não saberia descrever, um amor que nunca poderei isolar e tomar para mim, um amor que nunca será meu, mas nem por isso tem menos importância.
Ainda assim tentei me aproximar. Mas por que magoar-me ainda mais?
Muitas vezes, nestas situações, sentia-me pobre, miserável, então repensei sobre este amor.
Não isolado é de todos que se aproximam e que o merecem e que sabem vê-lo e senti-lo. Sendo de todos, também é meu
(...)
Achei madura e doce a conclusão de Tatiele e confesso que fiquei com inveja do amor que ela sente por esta pessoa, a qual não sei de quem se trata.
Preocupo-me com a mania que ela tem de acreditar estar apaixonada constantemente por pessoas sem o menor cabimento. Eu, sendo sua amiga, sei que Tatiele se engana muitas vezes, (quase todas até agora!) mas mantenho meu pensamento em segredo, pois posso magoa-la.
Penso que ela pode ter encontrado um pouco da doçura que procura e necessita alimentar-se.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Pós-páscoa.

Tatiele estava indiguinada quando a encontrei no mercado nesta tarde.
Ela não ganhou ovo de páscoa. Andava com passos firmes segurando um ovo da promoção pós páscoa, mas também não estava contente com os preços.
Preços dos derradeiros ovos de páscoa do supermercado, preço da derradeira esperança de ainda ganhar um ovo de páscoa com carinho já na segunda-feira.
Percebi que ela não levou o ovo, com certeza achou caro e a solidão que sentia era impagável.
Tatiele, pós-páscoa ainda sem as chaves do closet.
Soube mais tarde, e confesso que fiquei feliz (a pesar da resposta objetiva), que Tatiele encontrou suas chaves.
Curiosamente a encontrou dentro de um ovo páscoa de uma terceira pessoa. Logo depois de se entregar ao doce sabor do chocolate!

Resposta de Tatiele quando perguntei como foi o feriado?

“Não tenho nada pra contar deste feriado das coisas de fora, porque tudo que me aconteceu veio de dentro. Estou muito feliz porque encontrei as chaves, não quero falar agora!”

Aqui fora!



Tatiele ainda está fora do closet.
Neste feriado tentou desvincular os laços, mas em alguns momentos ficou triste por não tê-lo cobrindo sua cabeça e suas angustias.
Numa das tardes de folga, tentou o aconchego de um filme e nos dias de churrasco, tentou o alívio no álcool.
Em alguns momentos Tatiele se sentiu como Jaqueline Onassis, só que sem dinheiro, tudo por conta de seus novos óculos escuros e um turbante preto na cabeça. Neste momento, ela gostaria de ser outra pessoa.
Tatiele não sabe viver fora do closet e sente-se envergonhada por isso.
É como chupar chupeta aos 12 anos!
Ela teve um exemplo clássico no feriado. Uma criança que estava entre seus amigos esqueceu a chupeta em casa, bem neste momento em que a mãe deseja que ela deixe o vício de lado. Aparentemente suas noites foram tranqüilas.
Já as noites de Tatiele, nem tanto!
Tatiele sabe que a felicidade esta dentro dela, não dentro do closet, nem fora no mundo ou nas pessoas!!
Nem tudo é uma questão de geografia.
Quando se está em busca da felicidade, vale tudo, só não vale se guardar ou ficar na porta do closet esperando que um dia ela volte a se abrir.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Onde foram parar as chaves!?

Tatiele noite passada perdeu as chaves do closet depois de uma conversa com sua mãe.
A mãe de Tatiele é uma mulher forte. Esta sim é bastante franca, diferente de Tatiele.
Quando se viu sem as chaves, seus olhos marejaram, e até agora estão empoçados.
Logo entrou em desespero! Ela com 30 anos e 9 dias, sem as malditas chaves do closet!
Após a conversa, sentou no vaso sanitário e se pôs a chorar. Limpou as lágrimas com a barra de seu vestido florido.
Tatiele sabe, que as chaves do closet são difíceis de encontrar, é algo que não se procura, parece que tem vontade própria e Tatiele não tem controle sobre elas. Quando querem voltam as ordinárias!
Tatiele encara agora momento difíceis.
Dormiu com medo, de barriga para cima, se controlando para não roncar e acordar suas amebas.
Acordou cansada, seguiu para o trabalho sem saber o que fazer. Até agora vejo seu rostinho de menina perdida.
Tatiele espera que as chaves voltem na segunda, já que o feriado da Páscoa está ai!

Mas imagine Tatiele sem as chaves do closet no feriado.
Rezo por ela!

domingo, 1 de abril de 2007

É mentira de Tatiele!


Tatiele diz não gostar de mentiras, e pensa ser uma pessoa franca, mas francamente Tatiele, é mentira!!!
Tatiele tem medo de ser franca e ser mal interpretada.
Hoje ela precisou ser franca por 3 vezes. Em uma delas ela omitiu informações, na outra, ainda está ensaiando para dizer o que tem que ser dito e na 3º nunca dirá a verdade, prefere assim. Neste caso, engoliu sapos imensos, crispou de ódio nos olhares, fez comentários isolados, mas não mandou seu interlocutor para pqp....
Tatiele preza por seu orgulho, tem medo do pensam sobre ela.
O orgulho por quem ela tanto preza, pode mata-la um dia desses.
Tatiele percebe que as pessoas felizes não tem orgulho e as admira, as vezes chega a inveja-las, mas ainda não consegue ser como elas.

Tatiele ainda precisa da mentira para viver bem. Pequenas e descoladas mentiras.

sábado, 31 de março de 2007

Tatiele fez 30 anos!

Interessante é vê-la com 30 anos! Ela é engraçada, as vezes é rude, as vezes parece uma velha, outras uma criança emburrada.
Tendo 30 anos, Tatiele pensa que sua vida vai mudar, tudo, porque ela sente-se acurralada, e acredita que 30 anos pode ser com uma porta dos fundos – a porta de emergência.
Tatiele sabe-se querida, e ama essa realidade!
Tatiele também quer bem muita gente... mas há uma linha tênue entre querer bem e querer mal.
Percebi Tatiele hoje querendo se vingar algumas vezes. T
udo porque acredita no que os outros falam, e leva pra casa. Tatiele carrega muitas bagagens desnecessárias.
Mas ela não gosta que insinuem que não é feliz, ou que lhe falta alguma coisa, ela pensa que este tipo de comentário só pode vir dela mesma. Isto vindo de outros a irrita muito, por isso quis se vingar.

Tatiele sabe-se boa, mas não percebe-se executando a bondade.
As vezes ela não se sente confortável com a serpente que mora perto de seu ventre.

terça-feira, 27 de março de 2007

Santa Cecília

Tatiele tem uma débito com Santa Cecília. Algo que nem ela sabe bem do que se trata, mas sempre tenta enteder.
A Santa sempre a fez pensar, todas as vezes que Tatiele se sentiu com medo e em conflito, encontrou com algo que lembrasse Santa Cecília.
Nesta noite, Tatiele foi a uma missa em sua igreja.
Chegando lá, pensou em algo transcedental, mas Tatiele não é muito transcendental, por isso acabou por não presenciar um milagre.
Nas vésperas de seu aniversário, uma milagre seria no mínimo o presente mais desejado.
Ao contrario do que buscava, ouviu muita coisa sem sentido e teve medo que levassem sua bolça.

Pensamento de Tatiele no final da missa:
"Queridissima Santa Cecília, perdoe essa dissipula de São Tomé. Nossa dívida ficará para acerto numa próxima vez."

segunda-feira, 26 de março de 2007

Tire suas mãos de mim!!!


Tatiele saiu de um cliente a 1 hora da tarde contrariada.
Como disse, ela é ariana, cozinha ovos quando é contrariada.
Sem mesa, sem telefone, sem cabo de rede e sem simpatia, Tatiele teve que ir.
Nas ruas do centro, ela segue para o metrô. Nestas ruas ha muita diversidade. Tatiele gosta de ver a diversidade, mas não gosta de se envolver com ela.
Inesperadamente, ela cruza com uma figura decandente, esquelética e enlouquecida, que juntando todas as suas forças, deu um tapa nos braços de Tatiele. Tatiele as vezes é decadente e enlouquecida, mas não esquelética.
Tatiele poderia esbofetear a magricela, mas não o fez, (ela pensa ainda ter dignidade), espontâneamente, ela apenas gritou - "Tire suas mãos de mim!".
Tatiele seguiu em frente com as pernas bambas, com medo da agressora, porque além do tapa, a louca seguiu fezendo escândalo na rua como se fosse a vítima.
Neste momento Tatiele desejou voltar para o closet.