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domingo, 24 de junho de 2007

Uma prateleira vazia.


Tatiele ontem encontrou uma prateleira vazia no closet.
Tentou colocar alguns objetos, roupas acessórios, mas nada se encaixava. Por mais que tentasse acomodar suas coisinhas, não conseguia encontrar harmonia.
A maldita prateleira exigia coisas novas, mas Tatiele não tinha.
Parou com a briga, andou pelo quarto, ligou para uns amigos, leu alguns livros de auto-ajuda, assistiu a filmes, jornais e documentários, mas nada era suficiente, o vazio continuava a incomodar!
Tatiele evitou falar sobre o assunto com as pessoas que confia, pois sabia que nada, absolutamente nada faria com que se sentisse melhor.
Tatiele passou o sábado com aquela dor na boca do estômago!
A noite chegou, ela olhou novamente a prateleira, a dor aumentou!
Tomou analgésicos, duas taças de vinho, sentiu-se cansada e foi deitar.
Encontrou-se com os braços calmantes e carinhosos do sono. Ele a levou para terras distantes, terras desconhecidas de seu inconsciente cheio de devaneios.
Só assim encontrou a paz!
Acordou no domingo acreditando que tudo ficaria bem, mas infelizmente, a dor continua.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Sua arrogância me distrai...

Tatiele anda expressando alguns sentimentos fora do closet. Acredito que seja um começo.
Sei que ela encontrou um guru famoso lá pela "Pedra do Baú" (vizinha do closet), e teve algumas de suas maiores questões desenroladas.
Salve o caixote!
Segue algumas anotações recentes:
Passei a tarde pensando em manobras ofensivas, mas não encontrei meu interlocutor maldoso e pilantra.
Nesta brincadeira consegui analisar meus pontos fracos e praticar o exercício da compaixão.
Mas não perdi a enorme vontade de praticar algumas maldades, por isso, queimei algumas pragas do closet.
Elas foram embora desta vez.

“E você, quando vai?”

terça-feira, 12 de junho de 2007

No dia dos namorados.

Nossa conversa hoje ao telefone:
- Olá Tatiele, como está hoje no dia dos namorados?
- Considerando que este é 30° ano que passo sozinha, posso dizer que estou feliz por estar viva.
- Como foi o feriado?
- Pensei em suicídio algumas vezes na eminência de um anestésico de ação bem prolongada, pensando nesta linda data comemorativa. Quase conclui o ato, mas não consegui contato com você, então desisti!
- Por que você queria falar comigo? O que eu poderia fazer?
- Convencer-me de que tudo ficará bem!
- Hum...
- Bom Lucca preciso desligar. Tenho um jogo de palitos marcado agora às 22 horas e depois tenho que estar deposta. Dormirei no closet com um charuto cubano que habita meu criado mudo. Este sim está sempre do meu lado!
- Bom consolo Tatiele!
- OK, Tchau!
- Tchau...

A nata do leite

Mais um pequeno texto de Tatiele.
Extraído de seu diário secreto.

Deixei o copo de leite morno na prateleira do closet.
Saí ladeando o gato que queria pular da janela do quarto, lamentando o cio agora solitário.
Só nestas horas me lembro que tenho que leva-la ao veterinário para castrar.

Pobre coitada, quando chegar prenha, seguirá meses com sua barriga pesada tendo a maternidade irrevogável.
Pensando bem, irrevogável é o tempo, e eu sou perecível!
Há tempos deixaram de vigorar em mim alguns impulsos...

Fumei um cigarro, voltei ao closet, peguei o copo esquecido já com nata sob o leite.

Eu e leite somos muito parecidos.

domingo, 3 de junho de 2007

A dinâmica do meu sol, os deslizes da minha lua.

Tatiele me confiou um segredo. Entregou seu diário para que eu guardasse durante o tempo em que faz o intensivo “Como sair do closet em 10 dias”:
Tatiele me desculpe, mas não costumo guardar segredos!

O meu sol sobressalente toma sempre a frente como se fosse eu, mas não é!
Minha lua segue tentando dominar, mas é mimada, envergonhada essa lua, que nunca quer se mostrar.
Levou cantadas, assovios, mas se esconde.
Da última vez tentou se jogar de um rio do lado da janela do quarto de hotel, de tanta vergonha! Quer se apagar a danada!
Assim meu sol domina.
Sei que nessa fico sem o molejo da lua. O brilho delicado que sempre faz sombra nele fica lá escondidinho. Faz falta vê-la dançando suavemente.
Não vejo verdade nestes olhos quando o sol sai na frente.
Ele costuma furar a fila quando tenho medo, ele só quer me defender e se aproveita da minha fragilidade pra mostrar sua força.
Ambos tem medo de perder, ambos querem seu lugar no céu.
Ambos querem seu lugar em mim.