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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Naturalmente


Sentada nos degraus, na beira da velha porta azul, olhando meus pés descalços que descansam no chão quente de concreto, me sinto segura e tranqüila.
O calor da tarde me acalma, me dá preguiça.
Quando me levanto, sinto o tecido se gastando no chão áspero. Sinto pena do velho vestido.
Caminho para o pé de amoras, que fica próximo aos muros que cercam o quintal da casa. Os galhos finos de folhas delicadas se oferecem com diversas possibilidades. Procuro as frutas grandes e suculentas, mas as vezes estão verdes e azedas. Quando me rendo as menores sempre fico satisfeita.
Na simplicidade deste meu universo, sou o tronco e as folhas delicadas.
Sou o chão áspero e o calor do sol. Sou também a porta e os muros.
As vezes sou a calma e a preguiça, a dor do desgaste.
Sou verde e azeda, hora madura e suculenta.
Sou metamorfose.
O universo cria e recria e eu infalivelmente evoluo.
A velha porto azul nunca se fechará e as folhas ainda que caiam neste chão sustentarão suas próximas gerações.

Eterna idade – Eternidade...

Um comentário:

Anônimo disse...

Muiiiiiiiiiiiiiiiiiito bonito este texto. Você devia publicar nos anjos.

Silvia