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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

E foi assim que as portas se abriram.

Aparentemente tudo parecia sob controle.
Encontrava-se no mesmo lugar, todos os dias, mas não com os mesmos pensamentos.
Via-se mais integra. Inteiramente segura de suas confusões, inquietações e de seu posicionamento sobre a vida, os acontecimentos, escolhas e seu dia a dia.
Naquele dia escolheu desfilar seu novo ornamento. Uma bela tatuagem no ombro esquerdo que ilustrava sua alegria, aquela indizível.
Ilustrava também seu manifesto intimo e sensual.
Eu sou assim... festa melancólica, música urbana, beleza incomum.
Trabalhava seus sentidos e sentimentos há tempos. Orgulhava-se de suas vitórias e estampava no rosto um olhar que assinava suas conquistas pessoais.
Caminhando no bairro nobre, curtindo a música urbana, pegou o ônibus descontraída e seguiu o destino pela empresa de ônibus definido. Já no metrô, (linha reta desenhada pelos engenharos dos transportes públicos da cidade de São Paulo) tudo parecia mais interessante do que normalmente era, e justamente naquele canto do vagão que despontou o sorriso mais promissor do ano.
Este sorriso insistente a fez rir também e acreditar que pessoas inocentes ainda habitavam a selva de pedras e trilhos em que vivia.
Sentiu-se incomodada com tamanha “cara de pau”, pois não costumava acreditar na inocência primeira daquela turma de malandros.
Pensou em saltar pro alto, ou talvez fosse melhor saltar pra fora do vagão. Não sabia ao certo o que fazer, mas não quis perder mais uma oportunidade. Então deu ouvidos a sua intuição e continuou exposta sentindo-se como uma vitrini de loja de chocolates finos.
Ele chegou e sorriu novamente. Desta vez um sorriso condescendente que afirmou o que naquele momento era incomum e delicioso. E nunca mais se foi...

Foi assim que as portas se abriram.
E sabe-se lá por que resolveram se abrir justamente naquela hora, visto que por tanto tempo buscou as chaves, tentou com ignorância arrombar as portas, chuta-las e até chamou eventuais chaveiros.

Sabe-se que ela ainda está confusa, sonha com demônios e ainda gosta do azedo na língua. Sabe-se também que o sorriso não é tão inocente quanto parecia, mas está feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sabe, é engraçado como as coisas acontecem das formas mais inusitadas. Precisamos procurar mil e uma maneiras diferentes para abrir as portas, mas no final das contas, ela estava apenas encostada, esperando só um empurrão!
A vida só vale apena se deixarmos que cheguem os sentimentos, que bate o coração, que lágrimas rolem, que sorrisos apareçam espontaneamente. Viva!